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O sucesso do impossível

O primeiro passo para se fazer o impossível é não dizer para os outros que é impossível. Acreditar faz sim milagres, mas não é o único fator do sucesso. É preciso talento, planejamento, foco e um pouco de sorte, porque não.




Neste sábado (06/Maio/17), em Monza, Itália, tentou-se o impossível: correr uma maratona, 42.195 metros, em menos de 2 horas. Este feito humano seria comparável a escalar o Everest ou ir para o espaço. Eliud Kipchoge terminou a maratona em 2:00:23, apenas 23 segundos atrás da meta, mas 2 minutos e 32 segundos mais rápidos que o melhor tempo jamais conseguido para definir o novo record mundial. Este foi o resultado do projeto Breaking2 da Nike, que incluiu outros dois maratonistas candidatos a quebrar o record, vários corredores de elite, equipamento de primeira linha, muito planejamento e o mais importante: acreditar que era possível.




Também neste sábado eu assisti uma palestra de uma ambientalista que por mais de meia hora criticou os seres humanos por serem os únicos na Terra que produzem lixo (e poluem o meio ambiente). Mas esta premissa não é verdadeira - compre um aquário e em dias note a poluição que aquele peixinho produz. O problema não é quem produz lixo, mas sim a escala e velocidade que o ser humano faz isso, problema que não foi abordados pela ilustre palestrante. Na sua ânsia de resolver um problema quase impossível, os ambientalistas se perdem em questões triviais. A mais absoluta falta de foco.




Charles Duhigg, em "Mais rápido e melhor: os segredos da produtividade na vida e nos negócios" propõe que todos nós tenhamos metas audaciosas, difíceis ou mesmo quase impossíveis para se alcançar. Mas para que não nos encontremos frustrados, ele também propõe que tenhamos metas menores que nos levem às metas maiores, e estas sim tem que ser realistas: específicas, mensuráveis, alcançáveis, realísticas e temporais (que no inglês formam o acrônimo S.M.A.R.T.).




Charles usa um bom exemplo de como um indivíduo se comporta diante de metas realistas e não realistas: em um experimento, corredores foram desafiados a correr por 10 segundos com o objetivo de percorrer 200 metros (Usain Bolt corre 100 metros neste tempo). Na média, os corredores conseguiram percorrer 59,6 metros. Uma semana depois, os mesmos corredores foram desafiados a correr por 10 segundos novamente, mas desta vez, lhes impuseram uma meta de 100 metros. Desta vez, na média, os corredores conseguiram percorrer 63,1 metros, 5,8% a mais. No segundo experimento, a meta era percebida como realista, e os corredores sabiam se organizar para buscar superá-la.




Breaking2 da Nike é um exemplo de meta ambiciosa que contou com planejamento impecável. A execução do projeto e o rodízio dos corredores são exemplos de trabalho em equipe em um esporte essencialmente individual. Uma meta ambiciosa foi quebrada em uma série de sub-metas alcançáveis, tornando-se realista. Se houve talento, planejamento, e foco, faltou um pouco de sorte para conseguir fazer o percurso 23 segundos mais rápido em uma jornada de 2 horas. Mas quem corre sabe como estes 23 segundos são difíceis de se tirar.




Precisamos de metas ambiciosas, na vida pessoal e profissional, assim como metas S.M.A.R.T. para fazer a ponte até as metas impossíveis pois a vida é muito curta para ser ordinária. Precisamos, portanto, de um planejamento meticuloso, e de um plano B (e um plano C) caso nosso plano principal não dê certo.




É fundamental investir tempo e energia nas questões que realmente interessam para não se desperdiçar energia (e dinheiro). Precisamos ainda sair da zona de conforto, assumir riscos, e explorar para crescer. E a sorte? Quem estuda mais, acorda mais cedo e dorme mais tarde costuma ter mais sorte…





José Securato é Sócio-Fundador da Saint Paul Advisors, uma boutique de M&A.




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